Este castelo pertence à M@G@,Dominadora carioca há mais de 25 anos envolvida nesta prática BDSM

domingo, 6 de junho de 2010

AS ORIGENS E AS CONSEQUÊNCIAS DO SEXO NÃO -SEGURO (PARTE 1)

 

 O termo “bareback” ficou internacionalmente conhecido como gíria comum para a prática sexual (penetração) sem o uso de preservativo. O termo inglês literalmente significa “traseiro careca” ou, mais livremente traduzido, “montar a pêlo”, foi criado por alguns grupos de homossexuais masculinos dos Estados Unidos e da Europa, que se recusam a usar “camisinha” em suas práticas sexuais, apesar de toda a enorme campanha internacional feita para prevenção da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e demais doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Com o tempo, o termo passou a englobar outras práticas sexuais igualmente não seguras, como o contato direto com o esperma e secreções corpóreas. As razões que levam estas pessoas, atualmente já não apenas homossexuais masculinos, a praticarem o chamado “unsafe sex” (sexo inseguro) são as mais variadas possíveis e expõem cada vez mais indivíduos à crescente epidemia mundial. Avaliar estas causas e os argumentos apresentados, a favor e contrários, parece-me fundamental para uma conscientização maior do público em geral sobre os riscos que o “barebacking” inclui.

Inicialmente o principal argumento dos “barebackers” era uma revolta explícita contra a restrição das atividades sexuais em nome da epidemia de AIDS, então conhecida pejorativamente como “câncer gay” ou “peste cor-de-rosa”. Na década de 80 o senso comum era de que apenas e tão-somente homossexuais masculinos estavam expostos a esta doença e passaram a ser sistematicamente discriminados pela população dita “normal”, causando um retrocesso de séculos no lento processo de abertura e aceitação do homossexual pela sociedade.

A década de 70, principalmente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, foi marcada por uma explosão “gay”, iniciada nos famosos “Stonewall Riots” que ocorreram em Nova York em 27 de Junho de 1969. Havia então no “Village” (Nova York) um bar “gay’ chamado “Stonewall”. Este bar foi invadido pela polícia de maneira arbitrária e com o uso de força, como era tão comum que acontecesse nestes locais então considerados “antros”. Pela primeira vez na História, os homossexuais presentes revidaram à agressão policial e deram início a uma série de protestos e revoltas. Estes eventos culminaram com a instituição desta data como Dia Internacional da Comemoração do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros. Seguiu-se a abertura de inúmeros bares e boates “gays” pelo mundo e organizações de enormes festas “gays” com muito sexo descompromissado.

Não demorou muito até que a população heterossexual assumisse para si o mesmo comportamento liberal e assumido em relação à sexualidade humana e todas as suas infinitas possibilidades, rompendo com milênios de repressão sexual. Após uma década de liberação, o aparecimento da AIDS em 1981, não poderia deixar de ser sentido como um retorno radical à repressão, desta vez exclusivamente aplicada sobre os homossexuais. É compreensível que a população homossexual destas regiões liberadas do mundo protestassem. Porém, não é compreensível nem aceitável que esta mesma população protestasse com uma exacerbação do sexo livre e indiscriminado, decidindo deliberadamente ignorar a epidemia mundial alarmante e expondo-se ao altíssimo risco de contrair uma doença até então inexoravelmente fatal. O resultado disto foi que no início da década de 90 entre os homossexuais masculinos os números de infectados, doentes e mortos eram imensos.

Paralelamente, havia sido identificado o HIV como o vírus causador da AIDS e descoberto que este poderia ser transmitido por contato sexual, transfusão de sangue e inoculação injetável, tal qual a hepatite viral tipo B. Foi justamente esta descoberta em associação ao quadro epidemiológico descrito que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS), com o apoio de diversos países e de inúmeras Organizações Não-Governamentais (ONGs) em todo o mundo civilizado a iniciar uma campanha maciça em favor do uso do preservativo como única forma possível de controlar a epidemia avassaladora.

Estas campanhas foram feitas eminentemente tendo como público alvo os homossexuais masculinos. Felizmente a direção tomada não foi a repressão, mas sim a conscientização da população. Campanhas para o uso de seringas descartáveis entre os dependentes de drogas injetáveis, inclusive com a larga distribuição de material, também foram feitas. Um rígido controle de todo o material recebido em bancos de sangue em todo o mundo foi adotado. A preocupação das autoridades de saúde voltava-se para os ditos “grupos de risco”: homossexuais masculinos, transfundidos e usuários de drogas injetáveis. Houve também um trabalho de descriminalização e descaracterização da homossexualidade como doença, que levou à abolição do item “homossexualismo” da Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS em 1994. Atualmente o termo “homossexualidade” refere-se então a qualquer pratica sexual, exclusiva ou não, entre pessoas de mesmo sexo, sem caracterizar nenhuma situação criminosa, patológica e/ou pejorativa. Já o termo “homossexualismo” traz em si este caráter estritamente criminoso, patológico e/ou pejorativo, devendo ter seu uso, portanto, evitado. Em conseqüência, diversos países, entre eles a Inglaterra, que ainda teimavam em manter o “homossexualismo” como crime em seus códigos penais, acabaram voltando atrás e aceitando a homossexualidade.

Os resultados de todas estas medidas foram fantásticos: os números da AIDS caíram impressionantemente entre os homossexuais. Porém, um estranho fenômeno ocorreu: a incidência de infecções por HIV no meio heterossexual aumentou muito. As autoridades médicas perceberam então que a AIDS é uma doença que ameaça a humanidade como um todo e não está restrita aos tais “grupos de risco”. O conceito de “grupo de risco” foi abolido e as campanhas de prevenção ganharam a população em geral através de todos os meios de comunicação disponíveis. A sexualidade humana e os preconceitos a ela relacionados estavam novamente postos em cheque. Muitas forças contrárias a esta nova abertura sexual se seguiram e usaram (como ainda usam) a AIDS como principal argumento em favor da discriminação sexual. Todas as facções moralistas e conservacionistas exerceram (e ainda exercem) forte pressão contrária a este movimento, querendo “empurrar” à força a AIDS de volta aos seus “grupos de risco”.

(Mr.B)

/Dominador ,médico psiquiatra/SP) 

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