Podemos entender o BDSM em duas áreas distintas – físico e mental.
Particularmente, considero esta última como a mais atraente, profunda e complexa.
A maioria das práticas BDSM está associada ao âmbito físico, ou seja, o corpo é de fundamental importância. Há então, uma necessidade do ver e do sentir de forma tátil a ação do outro.
O fato de ser algo não físico, não palpável; é talvez o motivo de muitos não apreciarem ou não entenderem como funciona este lado do BDSM, como no caso dos iniciantes.
Afirmar que o D/s é o lado mental do BDSM, tornou-se um jargão, mas há uma prática em especial que reflete bem o escrito. Humilhação.
Ser Humilhado é ser degradado lentamente, sentir-se apequenar diante de quem domina e chegar a um estágio de sentir-se como um nada.
É ter o ego revirado cuspido e pisado. É destituir-se do eu, de si.
Faz-me um pária e lhe serei devotado, arrasa-me e serei pleno, construído.
Uma prática assim não é para qualquer um, e, principalmente, do lado dominador é que um preparo maior é exigido.
Para colocar alguém numa situação dessas, é necessário não só conhecer bem a pessoa dominada, sua história, seus pontos fracos e seus gatilhos; mas principalmente saber como realizar a “operação resgate”.
Colocar para baixo não requer tanto de conhecimento. O grande problema é trazer a parte dominada à tona.
E então, quem domina tem que tornar-se quase mãe ou pai, por que muitas vezes, o que se vê, é um adulto arrasado e querendo colo.
As reações emocionais deste psico drama podem deixar marcas profundas e de difícil remoção.
Se as viagens de ida e de volta, principalmente esta, não transcorrerem sob uma direção segura, a relação pode estar fadada ao fim.
Muito se fala nos possíveis danos que podem advir da algumas práticas; nestas horas, para muitos, o que vem à mente são apenas as consequências físicas, pois as emocionais são ainda vistas como algo fantasioso.
Um exagero.
Humilhação é viajar para dentro de si, mas para o lado de baixo, descer internamente.
É como descer numa espiral escura, onde o único referencial são as ações da parte dominante. As palavras, as ofensas ou qualquer outro ato, é que norteiam a parte submissa descer sempre mais.
O grande empecilho a esta viagem é apenas o ego submisso. E com ele que se trava a grande batalha interior. É ali que estão os orgulhos, as vaidades, os medos e vergonhas... Parte daquilo que pensamos ser
A parte dominante conduz e acirra ainda mais a contenda, estimulando a descida. A parte submissa recebe estes estímulos de briga consigo, com seus valores, com sua moral, com os seus certos e seus errados.
O humilhado cresce, avança e vence a cada derrota que impõe a si.
Humilhação é a antítese do eu, é a construção pela destruição.
(gorrión da MAGA)
Que interessante NADA é este menino!!! rsrs