Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.
Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpurados teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.
(Pablo Neruda)
2 comentários:
belo poema
Bela escolha,é preciso ter olhos que "sentem" pra garimpar essa qualidade.
afagos
Minha querida {lícia}_Kl...tem sido uma distração incrível e de satisfação inenarrável a pesquisa pra estas postagens.Há preciosidades surpreendentes.Grata pela visita e amável comentário... bjs
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