Ao sair do meu camarote,encontro um dos imediatos que me passa um recado:
_”Sr.Andreanetti?”
_”Sim,sou eu” respondo,surpreso por me chamar pelo nome.
_”O senhor está sendo convidado a participar da mesa do capitão.Lá, irá encontrar o lugar com o seu nome.Bom jantar,senhor”.E continua,pelos corredores,até que eu o perca de vista.
Sem pressa,porque o jantar será dali a uma hora,mudo meu itinerário,na curiosidade de conhecer o navio.Sigo até uma porta que diz:ESCADAS.Resolvo atravessá-la e subo,sem saber necessariamente,aonde irá dar.Ao abrir a porta,acima,dou num amplo convés,completamente vazio.Vazio de tudo, coisas e pessoas.Não há uma cadeira, sequer, para que alguém possa se sentar,apreciando a paisagem marítima.Vou adiante e,lá no fundo, nova porta:NÃO ENTRE.
Dou meia volta e me deparo com um homem vestido com uma sunga de praia,preta,e descalço.
_”Procurando alguém,senhor?”,pergunta,com cautela.
_”Não.Estou meio que perdido.Saí para dar uma volta e vim parar por aqui”,respondo, sinceramente.
_”O jantar é no quarto andar.Salão Veneza.”informa.
Volto para os corredores, até o elevador e,rapidamente,estou no Salão Veneza,à procura da mesa do capitão.
O salão, estonteantemente, decorado nos remete ao ambiente veneziano.Dourado,em profusão,nos pequenos detalhes de adorno:colunas,candelabros,castiçais,”sous-plats”. Nas paredes,enormes quadros com pinturas de castelos,praças e madonas.Uma grande gôndola atravessa o centro do salão.Em movimento compassado,dá a impressão que está navegando, impulsionada por um gondoleiro.A um canto,um tanto elevado,uma cantora entoa músicas românticas italianas,acompanhada por um conjunto típico.
O maitre me indica a mesa do capitão.Já estão sentados,o próprio capitão que me recebe calorosamente,um casal que percebo,viajam juntos,dois rapazes viajando sozinhos e uma jovem morena.Sou apresentado a cada um deles.Mark e Junia,o casal.Laurence e Brian,os rapazes.Layla,a jovem.Armand,o capitão.A única brasileira é a Layla.Os rapazes são britânicos,o capitão,francês e o casal,americano.Todos “arranhando” um pouco de português.Assim que a vi,tive a impressão de conhecer Layla.A imagem dela não me é estranha.
_”Então,senhorrr Andreanetchiii,está gostava dos suas acomodaçãos no navio?” pergunta o capitão,no seu claudicante português.
_”Oui,monsieur.Je suis plus content ici”(Sim,estou muito satisfeito aqui),respondi.
Num instante me lembro que nem todos são franceses e repito a resposta em inglês.
Layla faz um aparte:
_”Melhor seria que continuasse em português mesmo, Sr. Andreanetti, porque a cada resposta deverá traduzir, incansavelmente”. Senti uma admoestação, neste aparte.
Cada um vai justificando sua viagem.O casal está repetindo a lua de mel.Os rapazes, como eu,estão em férias e Layla,está trabalhando.
A conversa é animada.O casal fala pouco mas os rapazes são loquazes e dominam os temas. Eu acompanho,opinando aqui e ali.O capitão nos diverte contando algumas piadas.Comento com Layla a impressão de conhece-la.
_”Layla,sua fisionomia não me é estranha.De onde a conheço?”
_”Sr. Andreanetti...”
_”Pode me chamar Mario, apenas”,retruco.
_”Sim,Mario.Fui eu que levei os documentos de sua viagem ao seu escritório.Eu o vi,de passagem por sua sala.Você deve ter-me visto lá,também.”
_”Ah,deve ter sido isto mesmo,então”,me convenci.
O jantar é servido.Salada Ceasar,creme de aspargos,salmão ao molho de amêndoas e alcaparras(detesto alcaparras),ravioli de ricota e espinafre ao molho branco e,como sobremesa,sorvete de pistache com calda de frutas vermelhas e torta floresta negra.Para beber,sugiro um vinho,especial para este cardápio,um Sauvignon Blanc Late Harvest, do Chile,região que vem se firmando como excelente produtora desta bebida.Todos aprovam minha sugestão e nos deliciamos com este regalo,bem gelado. Como um pouco,de tudo,e prefiro a torta,para sobremesa.
”Senhorrres e senhorrras,o licor sará serviço no sala, ao lado.Grrrato por seu companhia, neste jantar e,vocês não esqueça o baile,logo mais.Sará muito animada e divertido.”.finalizou, o capitão,nos dispensando.
Vou me encaminhando para o elevador,a fim de me vestir,para a festa.
Ao meu lado,Layla segue na mesma direção.
_”Ainda vou providenciar algmas coisas para mais tarde”,justificou.
Já no elevador,ela inicia uma conversa:
_”Há algum tempo atrás,já estive em seu escritório.Na verdade,na porta do seu prédio, acompanhando Sarita”.
Quando ela pronunciou este nome,os cabelos todos,do meu corpo,ouriçaram.
_”Como?”perguntei surpreso.”Você conheceu a Senhora Sarita?” .
_”Sim,conheci”,responde,com simplicidade.
_”Eu nunca a vi,nas ocasiões em que estive nas festas do castelo,tampouco na casa dela.”
_”Na época, do seu adestramento, eu estava viajando a trabalho.Estava fazendo um curso à bordo de um dos navios desta companhia.Mas,quando da entrega daquela fantasia de escravo e,depois,quando ela lhe ligou da esquina,para o seu escritório,eu estava com ela.Na realidade,eu não tinha certeza se era exatamente você mas, joguei verde,e você respondeu,confirmando minhas supeitas”,e ri,mansamente.
_”Interessante” murmuro.
_”Está com muita pressa?”pegunta, subitamete.
_”Na verdade,não.Não me demoro pra vestir e minha fantasia não é complicada.O porque da pergunta?”
_”Quero levá-lo a um lugar.Se importa?”
_”Já estou um pouco grandinho para ter medo de surpresas” respondo, atrevido,e rimos.
O elevador para no meu andar e não saio.Seguimos subindo.Ao final,a porta se abre para o convés vazio,meu conhecido.
_”Já estive poraqui mais cedo,perdido” comento.
Ela não fala nada e segue em direção à porta com o aviso: NÃO ENTRE.
Ela bate e alguém abre.
Meus olhos se espantam quando vêem um mural, pintado,reproduzindo um portão de caverna.
Meu coração acelera.
O que terá atrás daquele mural?
(continua)
Castelã_SM
2 comentários:
Opa.. To adorando ver a Saga novamente nesse blog.. :)
Aproveito para te avisar, que tem um desafio para ti lá no meu blog.. kkkkkkkkkkk
Beijos
M.Tery
ótima saga. comecei a ler faz um tempo e tinha parado. hj vou até o fim com certeza. excelente estória mesmo! continue escrevendo! ab
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